quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A EXIGÊNCIA FÍSICA DO FUTEBOL




fonte : Universidade do Futebol


Físico não pode prejudicar o rendimento técnico

Guilherme Costa

Corridas leves, piques, saltos, choques, chutes, mudanças de direção e giros são componentes básicos de uma partida de futebol. Para ter um bom desempenho, um jogador precisa estar preparado para atender a uma série de demandas físicas sem que isso prejudique seu rendimento técnico. Por conta disso, o trabalho do preparador físico deve ser extremamente cauteloso e minucioso, e é cada vez mais difícil dissociar a preparação física do próprio patamar de preparação da equipe.

No futebol, os atletas devem estar preparados para realizar esforços intermitentes de alta intensidade e curta duração, intercalados com períodos de menor desgaste. "Não adianta nada um jogador ter velocidade média similar à de um maratonista, se o que decide as partidas é sempre um pique ou um lance de explosão", ponderou Antônio Mello, preparador físico do Santos.

Apesar de um caráter cada vez mais voltado à explosão muscular, o futebol tem exigência física diferenciada de acordo com a posição ou a função de cada atleta. Essa diferenciação de dados é fruto de pesquisas e criou, durante os anos, uma necessidade de trabalhos individualizados de preparação e condicionamento para os jogadores.

"O jogador não pode mais correr a partida inteira, mas com pouca intensidade. A intensidade é uma valência fundamental no jogo atualmente, e tudo depende de o atleta conseguir ter um intervalo cada vez menor entre os momentos de grande gasto energético", explicou Renato Lotufo, fisiologista do Corinthians.

A noção do quanto o desgaste de um atleta oscila em uma partida pode ser auferida a partir da análise dos níveis de concentração de lactato sangüíneo. Essa medida pode variar entre 2 mmol e 14,3 mmol de acordo com o jogador, o tempo de duração de sua última atividade de alta intensidade, o tempo de intervalo dessa ação, o nível de dificuldade do jogo e a taxa de remoção de lactato.

Além disso, jogadores de futebol têm uma freqüência cardíaca inferior a 73% da freqüência cardíaca máxima durante 11% do tempo de uma partida. Esse valor pode chegar a 92% em 63% do jogo e ultrapassa 92% em 26% do tempo.

A exigência cardíaca pode ser explicada em grande parte pelo número de corridas de grande intensidade. Em média, cada jogador realiza 52 piques de no máximo 20 metros durante uma partida - um a cada 90 segundos. "Esse tipo de dado é muito importante para o trabalho do preparador físico. Há alguns anos, colocavam os atletas para correrem quilômetros durante um dia. Mas por que o cara vai correr quilômetros em baixa intensidade, se não é isso que o jogo pede? O preparador físico precisa estar atento a tudo isso", lembrou Mello.

Basicamente, o treinamento realizado por preparadores físicos no futebol pode ser dividido em aeróbio ou anaeróbio. O exercício aeróbio é destinado ao aumento da recuperação após atividades de alta intensidade, à evolução do sistema cardiovascular e à melhora na capacidade dos músculos de utilizar o oxigênio para oxidar ácidos graxos.

Já o trabalho anaeróbio pode ser subdividido entre láctico e aláctico. O treinamento láctico é voltado para a capacidade muscular de realizar atividades de intensidade elevada repetidas vezes, e o treinamento anaeróbio aláctico engloba o condicionamento de velocidade e força a partir de exercícios de musculação.

Bibliografia

BARROS, Turíbio L. & GUERRA, Isabela. Ciência do futebol. Editora Manole, 2004. GOMES, Antonio Carlos. Princípios científicos do treinamento desportivo. Editora Idéia, 1997.
PARREIRA, Gláucia. Moderno almanaque das Copas do Mundo. Editora Yendis, 2006.
DUARTE, Marcelo. Guia dos curiosos: Esportes. Editora Panda Books, 2006.
BARBANTI, Valdir J. Treinamento físico: bases científicas. CLR Baliero, 1996.
RIGO, Leonindo. Preparação física. Editora Global, 1977.
RODHE, C.H. & ESPERSEN, T. Work intensity during soccer training and match play. Sciente and Football, 1988.