fonte : Universidade do Futebol
Físico não pode prejudicar o rendimento técnico
Corridas leves, piques, saltos, choques, chutes, mudanças de direção e giros são componentes básicos de uma partida de futebol. Para ter um bom desempenho, um jogador precisa estar preparado para atender a uma série de demandas físicas sem que isso prejudique seu rendimento técnico. Por conta disso, o trabalho do preparador físico deve ser extremamente cauteloso e minucioso, e é cada vez mais difícil dissociar a preparação física do próprio patamar de preparação da equipe.
No futebol, os atletas devem estar preparados para realizar esforços intermitentes de alta intensidade e curta duração, intercalados com períodos de menor desgaste. "Não adianta nada um jogador ter velocidade média similar à de um maratonista, se o que decide as partidas é sempre um pique ou um lance de explosão", ponderou Antônio Mello, preparador físico do Santos.
Apesar de um caráter cada vez mais voltado à explosão muscular, o futebol tem exigência física diferenciada de acordo com a posição ou a função de cada atleta. Essa diferenciação de dados é fruto de pesquisas e criou, durante os anos, uma necessidade de trabalhos individualizados de preparação e condicionamento para os jogadores.
"O jogador não pode mais correr a partida inteira, mas com pouca intensidade. A intensidade é uma valência fundamental no jogo atualmente, e tudo depende de o atleta conseguir ter um intervalo cada vez menor entre os momentos de grande gasto energético", explicou Renato Lotufo, fisiologista do Corinthians.
A noção do quanto o desgaste de um atleta oscila em uma partida pode ser auferida a partir da análise dos níveis de concentração de lactato sangüíneo. Essa medida pode variar entre 2 mmol e 14,3 mmol de acordo com o jogador, o tempo de duração de sua última atividade de alta intensidade, o tempo de intervalo dessa ação, o nível de dificuldade do jogo e a taxa de remoção de lactato.
Além disso, jogadores de futebol têm uma freqüência cardíaca inferior a 73% da freqüência cardíaca máxima durante 11% do tempo de uma partida. Esse valor pode chegar a 92% em 63% do jogo e ultrapassa 92% em 26% do tempo.
A exigência cardíaca pode ser explicada em grande parte pelo número de corridas de grande intensidade. Em média, cada jogador realiza 52 piques de no máximo 20 metros durante uma partida - um a cada 90 segundos. "Esse tipo de dado é muito importante para o trabalho do preparador físico. Há alguns anos, colocavam os atletas para correrem quilômetros durante um dia. Mas por que o cara vai correr quilômetros em baixa intensidade, se não é isso que o jogo pede? O preparador físico precisa estar atento a tudo isso", lembrou Mello.
Basicamente, o treinamento realizado por preparadores físicos no futebol pode ser dividido em aeróbio ou anaeróbio. O exercício aeróbio é destinado ao aumento da recuperação após atividades de alta intensidade, à evolução do sistema cardiovascular e à melhora na capacidade dos músculos de utilizar o oxigênio para oxidar ácidos graxos.
Já o trabalho anaeróbio pode ser subdividido entre láctico e aláctico. O treinamento láctico é voltado para a capacidade muscular de realizar atividades de intensidade elevada repetidas vezes, e o treinamento anaeróbio aláctico engloba o condicionamento de velocidade e força a partir de exercícios de musculação.
Bibliografia
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