Os dois jacarezinhenses participaram em lados opostos
Por Jivago França – Portal JacarezinhoNaNet.com
Dois jacarezinhenses participaram da travesia a nado na baia de Guaratuba. A travesia aconteceu no ultimo domingo pela manhã no litoral paranaense. Rafael Périco participou trabalhando e auxiliando os competidores pelo Paraná Esporte no projeto Viva o Verão.
O outro jacarezinhense que participou da prova foi o jovem Weverton, na cidade de Jacarezinho mais conhecido como “Banana”. O jacarezinhense brinca com a antepenúltima colocação geral da prova que conseguiu neste ano. “Já é o segundo ano seguido que participo da prova, ano passado cheguei em ultimo, mas este ano avancei um pouco, perdendo apenas para um garoto e um idoso”.
A família do jacarezinhense “Banana” acompanhou a largada - ao lado do morro do cristo - e a chegada com apreensão – na outra ponta da praia - para saber a colocação do jovem na prova. Com o tempo de uma hora sete minutos e trinta e sete segundos o jacarezinhense cruzou a linha de chegada em antepenúltimo lugar.
A travesia deste ano contou com 222 participantes. Em 22 minutos e 50 segundos o nadador curitibano Giovani Gongria Júnior, de 15 anos de idade, percorreu os aproximadamente 1.600 metros para chegar em primeiro lugar na classificação geral, masculino. No feminino, a curitibana Kauane Kosinski, de 13 anos, fez o mesmo percurso em 25 minutos e 21 segundos.
Quando se fala em treinamento, alguns princípios básicos devem ser considerados para que sua aplicação possa trazer os benefícios esperados. Dentre esses princípios, estão: principio da individualidade, principio do desuso, principio da sobrecarga progressiva, principio do fácil/dificil, principio da periodização, e principio da especificidade.
Todos estes princípios possuem suas particularidades e importância dentro de um programa de treinamento, e, portanto devem ser considerados na montagem de um programa de exercícios. Neste artigo, daremos atenção à importância do principio da especificidade de treinamento.
Esta variável é muitas vezes esquecida dentro de uma programação de atividades onde se objetiva o aumento da performance, seja no esporte ou nas atividades cotidianas e, no entanto, acaba afetando de maneira considerável o resultado ao qual se busca.
O principio da especificidade, diz respeito às adaptações que o corpo humano sofre em relação à atividade física ao qual é submetido, sendo estas adaptações, especificas daquele determinado programa de exercícios. As adaptações estão relacionadas a ângulo de execução do exercício, metabolismo energético utilizado, substrato utilizado como fonte primaria de energia, qualidade física utilizada, quantidade de músculos e articulações envolvidas no movimento, dentre inúmeros outros fatores. Sendo assim, a transferência dos benefícios adquiridos numa determinada atividade, é precária em relação a uma outra. Por exemplo, o ganho de condicionamento aeróbio realizado na bicicleta ergométrica não será transferido ao condicionamento necessário para uma corrida.
O corpo humano é projetado para funcionar como uma unidade com os músculos disparando em seqüências especifica para produzir um movimento desejado. Em cada movimento, vários músculos estão envolvidos e todos eles realizam uma função diferente. O sistema nervoso central, responsável pela ativação muscular, é programado para integrar a cadeia cinética do movimento no qual envolve os músculos agonistas (motores primários), antagonistas (opostos aos motores primários), sinergistas (assistem aos motores primários), e a estabilidade das articulações enquanto os motores primários e os sinergistas realizam o movimento, e neutralizadores (que contra-agem uma ação não desejada de outros músculos).
Um novo conceito em treinamento vem surgindo no Brasil, o Treinamento Funcional. Este programa de exercícios visa melhorar a capacidade funcional através da atividade física, estimulando o corpo humano de maneira a adaptá-lo para as atividades do dia-a-dia, esporte, e reabilitações de lesões músculo-esqueléticas. No entanto, um aspecto de vital importância, a propriocepção, deve ser muito bem explorado neste tipo de treinamento. Isso porque esta “qualidade” é de extrema necessidade para as tarefas cotidianas, e esportivas.
A propriocepção pode ser definida como sendo uma variação especializada da modalidade sensorial do tato que compreende a sensação do movimento (sinestesia) e da posição articular. Este mecanismo ocorre através de receptores sensoriais especializados (proprioceptores) que estão presentes nos músculos, tendões, articulações, e pele, sendo responsáveis pela transmissão de impulsos referentes ao estiramento muscular e a freqüência de mudança no comprimento do músculo, a tensão muscular ativa, e posição articular estática e dinâmica, até o sistema nervoso central, de onde a resposta é originada.
Através dos sinais enviados ao SNC, partindo da pele, das articulações, e dos músculos, sobre a posição de cada parte do corpo em relação às outras, a velocidade do movimento, e o ângulo articular, entre outros; a postura do corpo humano é controlada diretamente através destes órgãos sensitivos, que tem entre suas principais funções a regulação do equilíbrio, a orientação do corpo e a prevenção de lesões.
Os exercícios realizados nos aparelhos convencionais de musculação (que possuem plano e eixo de movimento direcionados) diminuem drasticamente a exigência do equilíbrio, da coordenação, e dos padrões complexos da ativação muscular, que são qualidades primordiais no cotidiano. Enquanto que, a utilização de exercícios realizados com pesos livres, cabos, elásticos, superfícies instáveis, ou reduzida base de suporte, que exigirão de maneira significativa dos proprioceptores para a execução das atividades, traz um melhor beneficio a capacidade funcional do corpo.
O programa de exercícios funcionais além de “gerar” um corpo saudável e bem condicionado traz alguns benefícios, dentre os quais podemos citar:
• Desenvolvimento da consciência sinestésica e controle corporal; • Melhoria da postura; • Melhoria do equilíbrio muscular; • Diminuição da incidência de lesão; • Melhora da performance atlética; • Tem efeito positivo na saúde da coluna vertebral (maior estabilidade); • Aumento da eficiência dos movimentos; • Melhora do equilíbrio estático e dinâmico
O treinamento funcional, capaz de melhorar as qualidades físicas como equilíbrio, força, coordenação motora, resistência central e periférica (cardiovascular e muscular), lateralidade, flexibilidade, e propriocepção, necessárias e indispensáveis para uma eficiente atividade diária e esportiva, deve ser prescrito individualmente para que atenda os objetivos pessoais nas situações especificas (cotidiano, esporte, reabilitações de lesões). Uma avaliação deve ser realizada para que se possam saber quais destas qualidades e quais os padrões de movimentos necessitarão de mais ou menos atenção na prescrição dos programas de exercícios, e sejam estimuladas corretamente.
Fonte: Campos, M.A., Neto, B. C. Treinamento funcional resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões músculo-esqueléticas. Editora Revinter. Rio de Janeiro-RJ, 2004.
Flávio Trevisan vê maior exigência e refinamento no futebol atual e sua área de atuação como um dos quesitos que podem reduzir as dificuldades na concorrência
Para chegar a nove rodadas do término da Série B do Campeonato Brasileiro com tanta folga em relação aos principais rivais em disputa por uma vaga à elite do Nacional na temporada de 2009, o Corinthians se preparou. Se o plantel, recheados de jogadores com qualidade técnica, destoa nesse sentido, um outro aspecto de absoluta importância tem relação direta com essa condição: o físico.
Com a aposta em uma comissão formada por profissionais que já haviam vivido experiência semelhante, o clube do Parque São Jorge deu início ao projeto, que deve ver ratificado seu planejamento já nos próximos jogos da segunda divisão, ainda no Estadual. Na companhia do badalado treinador do Grêmio, Mano Menezes, que subiu com o time gaúcho após um ano no torneio de acesso, estava de volta Flávio Trevisan.
O preparador físico da equipe gaúcha nos três anos anteriores, que participou também da campanha até a final da Libertadores da América de 2007, regressou ao Corinthians após mais de uma década. E diante de uma estrutura bem diferente da de tempos atrás, implementa alguns procedimentos que considera relevantes, como a caixa de areia para atividades específicas, a crioterapia e o core training.
“O futebol está caminhando para o trabalho funcional. Eles são realizados em conjunto com o core training. Há uma possibilidade infinita de trabalhos, os jogadores não gostam, mas temos notado que, quanto mais eles conseguem se segurar naquela posição, ele tem movimentos melhores dentro de campo. Seja num salto, num giro, na recuperação de uma virada”, explicou Trevisan em relação a esse trabalho preventivo, influente no rendimento e cada vez mais utilizado na modalidade.
Tal abordagem se deu no fim do último mês, durante o I Congresso Brasileiro de Ciência e Futebol, realizado na sede do próprio Corinthians, e que contou com a organização de Daniel Portella, fisiologista alvinegro.
De origem anglo-saxônica, core é uma palavra que se referencia a “centro, região central ou fundação”. No corpo humano, o local é compreendido como o centro de gravidade das pessoas, constituído por músculos da parede abdominal, coluna lombar, restantes extensores da coluna e músculos da cintura escapular.
Os 29 músculos de origem pélvica representam um suporte importante para o sistema muscular. E o seu trabalho sinérgico permite a estabilização do tronco durante os movimentos dos membros.
Dessa forma, no ambiente da atividade física, o treinamento que foi desenvolvido com a intenção de reduzir dores e problemas nas costas dos pacientes, delineou-se como algo capaz de melhorar a base do tronco dos atletas durante os movimentos, conferindo-lhes mais firmeza e estabilidade nas ações especiais dos mais variados esportes.
“Procuramos, com isso, a desestabilização, para que o jogador fortaleça a região do quadril, onde não há um trabalho muito específico para isso”, aponta Trevisan.
Ao desembarcar no Corinthians, foram 14 dias de preparação entre a primeira sessão de atividades e a estréia no Campeonato Paulista. Nesse período, três blocos de treinos foram preparados.
O primeiro, de 4 a 6 janeiro – recuperação no dia 7; o segundo, de 8 a 10 janeiro, com espaço para reabilitação no dia 11; por fim, treinamento de 12 a 16 daquele mês, com ênfase no equilíbrio entre a parte de recuperação física e as partes técnica e tática, às vésperas de debutar no certame, contra o Guarani, dia 17.
“Nesses 14 dias trabalhados, convivemos com jogadores chegando de vários lugares, com biótipos totalmente diferentes. Mas houve uma mudança muito grande em termos de estrutura. É a quarta vez que estou no Corinthians e ela é uma das coisas que nos deu um suporte para que pudéssemos homogeneizar nossos atletas e a equipes como um todo”, elogiou.
Nesse hiato entre eliminação na primeira fase do Paulista, final da Copa do Brasil e comodidade na tabela da Série B, previu-se a dosagem de volume de intensidade do treinamento para quem joga, quem fica no banco e quem sequer é relacionado – os três grupos trabalhados em uma estrutura profissional de futebol.
“Tomamos um cuidado especial para que todos andem sempre juntos. Não são 11 que jogarão o ano inteiro. Há necessidade de um preparo geral. Quem ganha é o grupo. Muitas vezes é necessário trabalhar de forma diferente para se obter um resultado positivo”, complementa Trevisan.
Estarei abordando agora no início do ano de 2010 alguns assuntos, estudos e materias relacionados ao Treinamento Funcional e suas aplicações dentro do treinamento de futebol.
Iniciarei com uma breve introdução a respeito do CORE e Treinamento Funcional, prosseguindo com algumas metodologias a serem aplicadas e demonstrações de exercícios a serem realizados.
O treinamento do core para o alto rendimento
Utilizado na Grécia Antiga, o treinamento funcional ressalta a importância da especificidade e da funcionalidade nos esportes
Rafael Martins Cotta
Atualmente, a questão do treinamento não está apenas ligada aos âmbitos técnico, tático, físico, de força, velocidade e flexibilidade, e sim, à especificidade e funcionalidade das modalidades e gestos a se realizarem na competição.
A falta de especificidade nos treinamentos pode atrapalhar a evolução do atleta de acordo com a modalidade, ou seja, treinos que diferem os exercícios do desporto ocupam o tempo de preparação com itens menos eficientes. O termo funcional, muito usado nos dias de hoje, refere-se à função que o exercício tem com a musculatura e os movimentos envolvidos na atividade principal, e que este treinamento seja planificado cada vez mais, buscando suprir essas funções específicas da modalidade.
Porém, o treinamento funcional não é uma novidade, pois a funcionalidade do ser humano já foi uma questão de sobrevivência, como nos 12 trabalhos de Hércules, nos jogos olímpicos da Grécia Antiga, e em Roma Antiga entre os gladiadores, onde eram criados meios e métodos de treino específicos para superação de seus resultados.
Em outras palavras, “core” significa núcleo, ou seja, um tipo de treinamento que trabalhe a região central do corpo, o ponto de equilíbrio, considerando que um centro de gravidade bem fortalecido poderá melhorar o rendimento das atividades funcionais do corpo em relação às atividades desportivas e/ou cotidianas.
Existem diversas nomenclaturas para a mesma técnica, porém, todos se referem a uma descrição genérica do controle muscular abdômino-lombopélvico necessário para estabilizar a coluna lombar e proporcionar estabilidade funcional de todos os segmentos corpóreos. O trabalho visa estabilizar 29 músculos de forma coordenada, sendo neste grupo onde se iniciam movimentos que se realizam tanto com os membros inferiores quanto com os superiores. O conjunto destes músculos pode ser dividido em dois grupos:
1) Músculos superficiais ao redor da região lombar e abdominal (reto-abdominal, para-vertebrais e oblíquos externos), possuindo em sua maioria fibras de contração rápida e um grande braço de alavanca, podendo desenvolver um grande torque auxiliando na aceleração e desaceleração do tronco;
2) Músculos profundos e intrínsecos responsáveis pelo ajuste postural nos movimentos (transverso do abdômen e multifídeo).
Arranques, acelerações, giros, podem ser mais eficientes com um core mais fortalecido e o melhor deste trabalho está em prevenir lesões advindas do centro corporal muitas vezes enfraquecido. Um treino que englobe esses dois grupos torna o trabalho mais eficaz, relacionando rendimento com prevenção.
Desportos como o futebol, por possuírem um grupo extenso de jogadores, deixam os atletas expostos ao sofrimento de lesões pela alta intensidade das ações, volume, contato físico, etc. Torna-se difícil para a comissão técnica poder contar com todos os atletas para as partidas, sendo que muitas vezes erroneamente os preparadores físicos são culpados pelas lesões dos jogadores. Atletas treinam em altos volumes e intensidades, e competem em altos picos de carga, sendo que, como já descrito anteriormente, os mesmos estão sujeitos a se lesionarem. O trabalho que pode ser realizado é o preventivo. Mesmo assim, está-se longe de afirmar que acabaremos com as lesões, e sim se minimizarão as suas ocorrências.
Muitas vezes, essas lesões aparecem por regiões enfraquecidas, principalmente na parte central, em musculaturas auxiliares, onde o trabalho de força realizado não causa adaptações.
Por conta dessa região ser o ponto de equilíbrio corporal, o trabalho a se realizar relaciona-se à capacidade física de coordenação, treinando o equilíbrio com consequente obtenção de um movimento mais estável e com maior funcionalidade, enfatizando a região do core com trabalhos próximos ao gesto desportivo. O treinamento isométrico destas regiões compensará a falta de equilíbrio e, quando exigida, poderá, provavelmente, evitar uma lesão.
Entende-se por transferência a relação do treinamento com o gesto técnico e motor específico da modalidade, em que, quanto mais específico for o exercício, maior será a transferência para o gesto e, consequentemente, maior rendimento desportivo.
O treinamento do core requer certo nível de conhecimento e especialização dos profissionais que trabalham com ele, sabendo seguir os programas, os volumes, as fases, as intensidades, e outros itens necessários para aplicação deste tipo de atividade. Uma aplicação adequada pode trazer resultados importantes num macrociclo, tanto no rendimento atlético quanto na prevenção das lesões.
Apesar da atual popularidade do core, poucos estudos têm sido feitos para demonstrar o benefício para atletas saudáveis.
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