quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Core training faz parte de metodologia de preparador físico corintiano


Flávio Trevisan vê maior exigência e refinamento no futebol atual e sua área de atuação como um dos quesitos que podem reduzir as dificuldades na concorrência

Para chegar a nove rodadas do término da Série B do Campeonato Brasileiro com tanta folga em relação aos principais rivais em disputa por uma vaga à elite do Nacional na temporada de 2009, o Corinthians se preparou. Se o plantel, recheados de jogadores com qualidade técnica, destoa nesse sentido, um outro aspecto de absoluta importância tem relação direta com essa condição: o físico.

Com a aposta em uma comissão formada por profissionais que já haviam vivido experiência semelhante, o clube do Parque São Jorge deu início ao projeto, que deve ver ratificado seu planejamento já nos próximos jogos da segunda divisão, ainda no Estadual. Na companhia do badalado treinador do Grêmio, Mano Menezes, que subiu com o time gaúcho após um ano no torneio de acesso, estava de volta Flávio Trevisan.

O preparador físico da equipe gaúcha nos três anos anteriores, que participou também da campanha até a final da Libertadores da América de 2007, regressou ao Corinthians após mais de uma década. E diante de uma estrutura bem diferente da de tempos atrás, implementa alguns procedimentos que considera relevantes, como a caixa de areia para atividades específicas, a crioterapia e o core training.

“O futebol está caminhando para o trabalho funcional. Eles são realizados em conjunto com o core training. Há uma possibilidade infinita de trabalhos, os jogadores não gostam, mas temos notado que, quanto mais eles conseguem se segurar naquela posição, ele tem movimentos melhores dentro de campo. Seja num salto, num giro, na recuperação de uma virada”, explicou Trevisan em relação a esse trabalho preventivo, influente no rendimento e cada vez mais utilizado na modalidade.

Tal abordagem se deu no fim do último mês, durante o I Congresso Brasileiro de Ciência e Futebol, realizado na sede do próprio Corinthians, e que contou com a organização de Daniel Portella, fisiologista alvinegro.

De origem anglo-saxônica, core é uma palavra que se referencia a “centro, região central ou fundação”. No corpo humano, o local é compreendido como o centro de gravidade das pessoas, constituído por músculos da parede abdominal, coluna lombar, restantes extensores da coluna e músculos da cintura escapular.

Os 29 músculos de origem pélvica representam um suporte importante para o sistema muscular. E o seu trabalho sinérgico permite a estabilização do tronco durante os movimentos dos membros.

Dessa forma, no ambiente da atividade física, o treinamento que foi desenvolvido com a intenção de reduzir dores e problemas nas costas dos pacientes, delineou-se como algo capaz de melhorar a base do tronco dos atletas durante os movimentos, conferindo-lhes mais firmeza e estabilidade nas ações especiais dos mais variados esportes.

“Procuramos, com isso, a desestabilização, para que o jogador fortaleça a região do quadril, onde não há um trabalho muito específico para isso”, aponta Trevisan.

Ao desembarcar no Corinthians, foram 14 dias de preparação entre a primeira sessão de atividades e a estréia no Campeonato Paulista. Nesse período, três blocos de treinos foram preparados.

O primeiro, de 4 a 6 janeiro – recuperação no dia 7; o segundo, de 8 a 10 janeiro, com espaço para reabilitação no dia 11; por fim, treinamento de 12 a 16 daquele mês, com ênfase no equilíbrio entre a parte de recuperação física e as partes técnica e tática, às vésperas de debutar no certame, contra o Guarani, dia 17.

“Nesses 14 dias trabalhados, convivemos com jogadores chegando de vários lugares, com biótipos totalmente diferentes. Mas houve uma mudança muito grande em termos de estrutura. É a quarta vez que estou no Corinthians e ela é uma das coisas que nos deu um suporte para que pudéssemos homogeneizar nossos atletas e a equipes como um todo”, elogiou.

Nesse hiato entre eliminação na primeira fase do Paulista, final da Copa do Brasil e comodidade na tabela da Série B, previu-se a dosagem de volume de intensidade do treinamento para quem joga, quem fica no banco e quem sequer é relacionado – os três grupos trabalhados em uma estrutura profissional de futebol.

“Tomamos um cuidado especial para que todos andem sempre juntos. Não são 11 que jogarão o ano inteiro. Há necessidade de um preparo geral. Quem ganha é o grupo. Muitas vezes é necessário trabalhar de forma diferente para se obter um resultado positivo”, complementa Trevisan.


Bruno Camarão

fonte:universidade do futebol

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