O Mixed Martial Arts, conhecido apenas por MMA, é hoje o esporte que mais cresce no mundo. Considerando-se que o MMA moderno teve origem no final dos anos 90 e início dos anos 2000, é absolutamente espantosa a forma meteórica através da qual se deu o crescimento do esporte. A maior organização de MMA do planeta, o Ultimate Fighting Championship (UFC), realizou seu primeiro evento em 1993 e hoje em dia já é avaliada em mais de 1 bilhão de dólares.
Mixed Martial Arts (Artes Marciais Misturadas) ou MMA é um esporte de contato (full contact), que permite o uso de uma ampla variedade de técnicas de combate, a partir de uma mistura de diferentes artes marciais. As regras permitem a utilização de socos, chutes e técnicas de grappling, tanto de pé quanto no solo.
O MMA moderno ficou conhecido na cultura popular com o surgimento em 1993 do Ultimate Fighting Championship (UFC). Inicialmente seu objetivo era encontrar a arte marcial mais efetiva em diferentes situações de combate desarmado, desse modo lutadores de vários estilos de artes marciais lutavam um contra o outro com o mínimo de regras ou preocupação com a segurança. Nos anos seguintes, o MMA ganhou muitas regras adicionais que visavam aumentar a segurança dos lutadores e promover a aceitação mais popular do esporte. Após estas alterações, o esporte teve um aumento de popularidade com transmissões Pay Per Vew (PPV) que chegam a rivalizar com o boxe e o wrestling profissional.
Uma das primeiras formas esportivas de luta desarmada com o mínimo de regras foi o pankration grego, que foi introduzido nos Jogos Olímpicos de 648 a.C. Mesmo mais tarde no início da Idade Média, estátuas ainda eram colocadas em Roma e em outras cidades para honrar “pankreatistas” famosos.
Eventos de vale-tudo alegadamente ocorriam no final de 1800, quando lutadores representando uma enorme variedade de estilos, incluindo vários lutadores de wrestling, wrestling Greco-Romano e muitas outras formas de artes marciais reuniam-se em torneios e jogos em toda a Europa. O primeiro encontro entre um grande pugilista (boxer) e um wrestler nos tempos modernos, aconteceu em 1887, quando John L. Sullivan , então campeão mundial dos pesos pesados de boxe, entrou no ringue para enfrentar o seu treinador, de wrestling greco-romano William Muldoon , e foi derrubado ao chão em dois minutos. O próximo encontro conhecido ocorreu na década de 1890 quando o futuro campeão dos pesos pesados de boxe Bob Fitzsimmons enfrentou o lutador campeão de luta greco-romana Ernest Roeber. Consta que, Roeber sofreu uma fratura no queixo, mas ainda foi capaz de derrubar Fitzsimmons e lhe aplicar um armlock (também conhecido como Kimura) fazendo o pugilista bater (ato de desistir da luta). Em 1936, o boxer peso pesado Kingfish Levinsky e o wrestler profissional Ray Steele competiram em uma luta mista, Steele venceu em 35 segundos.
Outro exemplo antigo de MMA é a arte marcial chamada de Bartitsu, fundada em Londres em 1899, esta foi a primeira arte marcial conhecida que combinou estilos asiáticos e europeus e que organizava eventos parecidos com o MMA moderno por toda a Inglaterra, colocando campeões europeus e japoneses contra representantes de diversos estilos europeus de wrestling.
Eventos mistos de boxe vs jujutsu (como era conhecido o jiu jitsu) eram um entretenimento muito popular por toda a Europa, Japão e Orla do Pacífico durante o início de 1900. No Japão estes eventos eram conhecidos como merikan (da gíria japonesa para americanos lutando).
Os eventos de merikan tinham uma variedade de regras incluindo decisão por pontos, melhor de três derrubadas ou knockdowns, e vitória por knockout (K.O) ou finalização (ato de aplicar um golpe que impeça o movimento do adversário, causando dor e ou levando a perda de consciência. Ao sofrer uma finalização o lutador geralmente “bate” a fim de avisar ao oponente que este se dá por vencido. Ao bater o lutador foi finalizado).
O Wrestling Profissional “morreu” após a Primeira Guerra Mundial e renasceu em duas formas diferentes: “shoot”, no qual os lutadores realmente lutavam, e “show”, no qual o espetáculo era mais importante. Deu origem aos eventos de wrestling atuais como WWF e etc.
Os primórdios do Vale-Tudo ocorreram no Brasil desde a década de 30, graças aos irmãos Carlos e Helio Gracie. Responsáveis pela disseminação do jiu-jitsu no Brasil e na época residentes no Rio de Janeiro, os irmãos desenvolveram o hábito de desafiar mestres de outras artes marciais para lutas sem regras e sem limite de tempo como forma de provar a superioridade do jiu-jitsu sobre outras especialidades e, assim, chamar a atenção da população em geral para a modalidade.
Uma das maiores lutas da fase anterior ao Vale-Tudo ocorreu – pasmem – no estádio do Maracanã, entre Helio Gracie e o judoca Masahiko Kimura. A luta foi vencida pelo japonês, que quebrou o braço de Gracie ao aplicar uma chave conhecida como ude-garame invertido. A técnica foi posteriormente incorporada ao jiu-jitsu e hoje em dia é mundialmente conhecida apenas como “Kimura”.
tradição dos desafios entre modalidades perdurou durante muitos anos, sempre envolvendo o jiu-jitsu, representado agora não só pela segunda geração da família Gracie, mas também por alunos graduados pela família Gracie. Pode-se dizer até certo ponto que a origem do Vale-Tudo se deu principalmente entre a ferrenha rivalidade entre o jiu-jitsu e a luta livre.
Campeões das duas artes duelaram durante anos, não apenas dentro dos ringues, mas muitas vezes nas próprias ruas do Rio de Janeiro, como a famosa briga entre Rickson Gracie e o campeão de luta livre Hugo Duarte, na praia do Pepê. Como evento de maior expoente dessa rivalidade, temos o Desafio Jiu-Jitsu vs Luta Livre, ocorrido em 1991, com cobertura da Rede Globo. Três representantes do jiu-jitsu enfrentaram três representantes da luta-livre, com o jiu-jitsu conquistando todas as vitórias.
A história do MMA moderno pode ser traçada desde os eventos mistos de luta pela Europa, Japão e Orla do Pacífico durante o início dos anos 1900; os campeonatos de vale tudo da família Gracie no Brasil no início da década de 1920; e antigos torneios de mixed martial arts feitos por Antonio Inoki no Japão na década de 1970.
O esporte ganhou exposição internacional e ampla publicidade nos Estados Unidos em 1993, quando o lutador brasileiro de Jiu-Jitsu Royce Gracie venceu o primeiro torneio do UFC, finalizando três adversários em apenas cinco minutos, gerando faíscas para uma revolução nas artes marciais. No Japão o interesse contínuo no esporte resultou na criação do PRIDE Fighting Championship em 1997.
O movimento que levou à criação do UFC e do PRIDE está enraizado em duas subculturas interligadas. Primeiro os eventos de Vale Tudo no Brasil, seguido pelos eventos japoneses de shoot wrestling.
O Vale Tudo começou na década de 1920 com o “desafio dos Gracie” criado por Carlos Gracie e Hélio Gracie e continuado mais tarde por descendentes da família Gracie. No Japão na década de 1970, uma série de lutas de MMA foram organizadas por Antonio Inoki, inspirando o “movimento shoot” do wrestling profissional japonês, que levou à formação das primeiras organizações de MMA, tais como o Shooto, em 1985.
O conceito de combinar os elementos de várias artes marciais foi pioneirado e popularizado por Bruce Lee no final dos anos 1960 e inicio de 1970. Lee acreditava que “o melhor lutador não é um boxer, karateka ou lutador de judô. O melhor lutador é aquele que pode adaptar-se a qualquer estilo.” Seus conceitos inovadores foram reconhecidos em 2004 pelo presidente do UFC Dana White quando ele chamou Lee de “o pai do MMA”. O reconhecimento da eficácia do MMA foi testado quando o exército dos Estados Unidos começou a sancionar eventos de MMA; com o primeiro evento anual chamado “Army Combatives Championships” (Campeonato de Lutadores do Exército) em novembro de 2005.
Antes de tratarmos da origem do UFC, é necessário fazer uma pequena parada no Japão. Enquanto os desafios entre modalidades de luta ocorriam no Brasil, no Japão também ocorria um movimento em direção a uma modalidade de luta que integrasse os mais diversos estilos de luta.
Como se sabe, o Japão sempre teve forte tradição no pro-wrestling (em outras palavras, a luta livre “de mentira”). Liderados por expoentes do pro-wrestling, como Akira Maeda e Masakatsu Funaki, os japoneses começaram a organizar lutas com a possibilidade de técnicas reais de submissão e, posteriormente, no início dos anos 90, Funaki fundou o Pancrase, organização de lutas que permitia golpes com a mão aberta e chutes quando ambos lutadores estivessem em pé.
As realidades brasileira e japonesa se chocaram na primeira edição do UFC, em Denver, nos Estados Unidos, no dia 12 de novembro de 1993. Uma das semifinais do evento se deu entre Ken Shamrock, campeão do Pancrase, e Royce Gracie, um dos expoentes do Gracie Jiu-Jitsu, com o segundo sendo o vencedor e se consagrando o campeão do evento apos mais uma luta.
O UFC, diga-se de passagem, foi uma idéia de Rorion Gracie para divulgar e promover o jiu-jitsu nos Estados Unidos. A intenção de Rorion era, na verdade, mostrar o jiu-jitsu como arte marcial mais dominante e, assim, atrair a atenção de novos alunos.
O objetivo foi atingido com pleno êxito. Royce Gracie se sagrou campeão de três das primeiras quatro edições do UFC, fracassando apenas na terceira edição, quando não pode voltar para a segunda luta após vencer Kimo Leopoldo numa batalha brutal. O jiu-jitsu representado por Royce, entretanto, havia plantado a semente para se disseminar por toda América.
6- A Idade das trevas do UFC
Embora o UFC tenha atingido algum sucesso no início de sua existência, muitos problemas apareceriam nas próximas edições e tornariam a vida da organização muito difícil. A final do UFC 4, por exemplo, ultrapassou o tempo designado para o pay-per-view, impossibilitando aqueles que compraram o evento de assistir ao final da luta entre Royce Gracie e Dan Severn, vencida por Royce após mais de 15 minutos ininterruptos de batalha.
Além disso, a brutalidade dos eventos iniciais do UFC gerou reação negativa de alguns segmentos da sociedade norte-americana, fazendo com que alguns estados da federação simplesmente banissem eventos de Vale-Tudo de seus territórios. O UFC 10, por exemplo, marcado inicialmente para ser realizado em Providence, Rhode Island, próximo a Nova York, foi proibido apenas um dia da data marcada para o evento, fazendo o Semaphore Entertainment Group, grupo dono do UFC na época, fretar um avião de última hora e realocar todo o evento para Birmingham, Alabama.
Um dos maiores combatentes do UFC foi o então senador pelo Arizona John McCain (aquele mesmo, duas vezes candidato a presidente dos EUA), que chegou a classificar o UFC como uma “briga de galo entre homens”. A atuação de McCain junto às comissões atléticas dos estados americanos foi fundamental para o banimento do UFC na maioria dos estados. O UFC passou a ser um esporte do gueto, sustentado basicamente por fãs que trocavam informações e vídeos das lutas em fóruns específicos na Internet.
Além disso, o surgimento e crescimento do Pride, no Japão, começou a levar os melhores lutadores embora do UFC. O Vale-Tudo não enfrentava no Japão a oposição encontrada nos EUA. Pelo contrário, a cultura japonesa sempre valorizou as artes marciais, tornando quase toda sua população admiradoras da lutas e seus praticantes.
Assim, além de bolsas muito melhores do que as do UFC, os lutadores tinham também a possibilidade de ganhar muito dinheiro fazendo merchandising de produtos no mercado japonês. Lutadores como Wanderley Silva, Mirko “Cro Cop” e Kazushi Sakuraba, lutadores do Pride durante o ápice da organização, até hoje são considerados ídolos no país. Relegado a pequenos guetos e perdendo seus melhores lutadores para o mercado japonês, o futuro do UFC não parecia nada promissor.
O primeiro passo para o renascimento do UFC foi a busca pela regulamentação do esporte pelas comissões atléticas norte-americanas. A primeira comissão atlética a regular o esporte foi a comissão atlética de New Jersey. A partir de então, aboliu-se o nome Vale-Tudo (“No Holds Barred”, usado nos EUA), posto que o nome gerava uma ideia demasiadamente violenta do esporte, agora chamado de Mixed Martial Arts.
A comissão foi responsável pela grande maioria das regras presentes no MMA atual. A partir dessa regulação, o UFC foi atrás das comissões atléticas dos outros estados já com as regras aprovadas em New Jersey. Atualmente, essas regras são conhecidas como “Unified Rules”, posto que elas foram adotadas na grande maiorias dos Estados, com exceção de pequenas diferenças aqui e ali.
primeiro evento realizado sob as novas regras foi o UFC 28, em Atlantic City. Entretanto, o Semaphore Entertainment Group estava enterrado em dívidas em razão do UFC e, pouco antes do UFC 30, vendeu a organização para a Zuffa LLC, empresa formada pelos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, donos de alguns cassinos em Lãs Vegas, e Dana White, amigo de adolescência dos Fertitta e até então empresário da maior estrela do UFC na época, o meio-pesado Tito Ortiz. Dana White também era empresário do futuro campeão e maior estrela do MMA mundial, o também meio-pesado Chuck Liddell.
Sob o comando da Zuffa, o UFC começou a realizar eventos em pay-per-view e, embora obtendo relativo sucesso se comparado a SEG, ainda assim não conseguia dar lucro aos proprietários. Os irmãos Fertitta, proprietários de 90% da marca, continuavam a colocar o próprio dinheiro no evento para mantê-lo funcionando. Isso ocorreu até o UFC 44, quando os gastos se tornaram grande demais e eles deram o aval para que Dana White, então presidente do UFC e com apenas 10% das ações, procurasse um comprador para o evento.
Dana White procurou alguns compradores para o UFC, mas sem nenhum sucesso. Então, resolveram dar uma última cartada e apostar em um reality show chamado The Ultimate Fighter, em parceria com o canal americano Spike TV.
Basicamente, o reality show consistia em colocar 16 lutadores de duas categorias de peso diferentes que se enfrentariam até que um campeão fosse obtido em cada categoria. Os campeões seriam então premiados com um contrato com o UFC num valor superior a US$ 100.000,00.
A transmissão das lutas finais se deu em 9 de abril de 2005. Diego Sanchez se sagrou o campeão dos pesos médios, mas a grande surpresa da noite ainda estava por vir. Em uma luta absolutamente franca e emocionante, Forrest Griffin e Stephan Bonnar deram um grande show de raça e trocaram golpes nos três rounds, com Forrest Griffin se sagrando o campeão.
Tamanha a disposição mostrada pelos lutadores, o UFC resolveu premiar ambos com um contrato. Como foi transmitida gratuitamente pela Spike TV, a luta conseguiu audiência nunca antes atingida pelo UFC, aumentando imediatamente o interesse pelo esporte nos Estados Unidos. Dana White e os irmãos Fertitta até hoje definem a primeira luta entre Forrest Griffin e Stephan Bonnar como a luta que salvou o UFC da falência .
O esporte atingiu um novo pico de popularidade na América do Norte em 2006 quando foi realizado o rematch
entre o então campeão Chuck Liddell e o ex-campeão Tito Ortiz. O lucro das vendas do PPV da luta rivalizou os maiores eventos de boxe de todos os tempos. Em 2007, a Zuffa LLC, os proprietários do UFC, compraram o rival japonês PRIDE, fundindo os lutadores contratados sob uma única organização.
Após o sucesso da primeira temporada, o UFC passou a crescer exponencialmente, batendo todos os anos o recorde do número de eventos vendidos no pay-per-view. A escalada nas vendas culminou no UFC 100 que, com duas lutas de título marcadas no card, bateu a marca de 1.5 milhões de vendas.
Ao mesmo tempo que o UFC crescia desenfreadamente, o Pride passava por uma crise financeira no Japão e as suspeitas de envolvimento com a Yakuza afastavam cada vez mais os investidores e as emissoras de televisão do Pride. Em março de 2007, a Dream Stage Entertainment Inc., proprietária do Pride, anunciou a venda da organização para a Zuffa. Por conta dessa compra, lutadores como Antônio Rodrigo “Minotauro” Nogueira, Wanderlei Silva, Mauricio “Shogun” Rua, Mirko “Cro Cop” e Dan Henderson passaram a integrar as fileiras do UFC, consolidando a posição da organização como a maior promoção de MMA do mundo e acabando com qualquer dúvida sobre onde se encontravam os melhores lutadores do mundo.
Dana White e Sheik Tahnoon Bin Zayed Al Nahyan
Com o crescente sucesso, muitos dos lutadores do UFC acabaram fazendo o chamado “crossover” para o mainstream americano. Chuck Liddell, ex-campeão dos meio-pesados, já apareceu em série famosas como Entourage e Dancing with the Stars. Randy Couture, 5 vezes campeão no UFC, tem um papel no próximo filme de Sylvester Stallone.
Atualmente, o UFC é a maior organização de lutas do mundo e está avaliado em aproximadamente US$ 1 bilhão de dólares, tendo recentemente a quota de 10% para a Flash Entertainment, empresa de propriedade do Sheik Tahoon, de Abu Dhabi, pela módica quantia de US$ 100 milhões de dólares.
No início da década de 1990, três estilos se destacaram por sua eficácia na competição: Jiu-Jitsu Brasileiro (BJJ), Wrestling e Shoot Wrestling. Esse resultado pode ser atribuído em parte à ênfase que esses estilos dão ao “agarramento”, que eram, talvez devido à escassez de lutadores de MMA antes do início dos anos 90, desconhecidos para a maioria dos praticantes de artes marciais baseadas em socos e chutes (striking).
Lutadores que combinavam wrestling com técnicas de soco e chute viram-se tendo sucesso na parte de pé da luta, enquanto lutadores de BJJ tinham uma vantagem clara no chão, os que não estavam familiarizados com finalizações e agarramentos relevaram-se despreparados para lidar com tais técnicas.
Lutadores de Shoot Wrestling ofereciam um equilíbrio entre wrestling amador e wrestling de pegada, resultando em habilidades bem balanceadas. Os lutadores de Shoot Wrestling eram especialmente bem sucedidos no Japão. Com as competições tornando-se mais e mais comuns, aqueles com uma base em artes marciais de socos e chutes (striking) tornaram-se mais competitivos à medida que se familiarizavam com takedowns (também conhecido como “derrubada”, é o ato de levar o oponente ao chão) e finalizações, levando a vitórias não esperadas contra os então dominantes grapplers (aquele que pratica grappling. Wrestlers, lutadores de BJJ, judocas e etc são grapplers.). Posteriormente, os lutadores provenientes dos diversos estilos de grappling acrescentaram técnicas de striking ao seu arsenal.
Esta evolução global e o aumento do cross-training (treinar em várias artes marciais diferentes) resultou nos lutadores se tornando cada vez mais multidimensionais e bem equilibrados em suas habilidades.
Todas essas mudanças ficaram claras quando o campeão do UFC original Royce Gracie que tinha derrotado muitos adversários usando apenas o BJJ enfrentou o então campeão Matt Hughes no UFC 60 e foi derrotado por TKO (Technical Knock Out, ou nocaute técnico, é quando a luta é parada pelo árbitro que percebe o lutador impossibilitado de se defender. O árbitro para a luta afim de impedir dano desnecessário ao lutador) durante o ground-and-pound (quando um lutador põe o adversário no chão e começa a bater de uma posição superior).
9- MMA e as Olimpíadas
Acreditava-se que o reconhecimento olímpico do MMA ocorreria nas Olimpíadas de 2004, realizada em Atenas, sob a bandeira do pankration. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional não estava convencido de que a Grécia poderia lidar com o número total de esportes propostos. Dessa forma todos novos esportes sugeridos assim como o pankration foram excluídos.
As regras das competições de MMA moderno mudaram muito desde os primeiros dias do Vale Tudo, do Shoot Wrestling japonês, do UFC 1 e, mais ainda do histórico estilo de pankration. À medida que o conhecimento sobre as técnicas se propagava entre lutadores e espectadores, tornou-se claro que as regra minimalistas originais precisavam ser alteradas. Os principais motivos que levaram a estas mudanças foram a proteção da saúde dos lutadores, o desejo de acabar com a imagem de “uma luta bárbara até a morte” e ser reconhecido como um esporte.
As regras incluíram a introdução de classes de peso, com o conhecimento sobre as finalizações se propagando, mais lutadores aprenderam a evitar e aplicar técnicas de finalização, assim as diferenças de peso tornaram-se um fator significativo. Luvas pequenas e com abertura para os dedos foram introduzidas para proteger os punhos durante os socos, reduzir a ocorrência de cortes (e interrupções das lutas devido a cortes) e incentivar os lutadores a usar as mãos para socar. Para permitir que as lutas fossem mais cativantes um tempo limite foi estabelecido a fim de evitar lutas longas e com pouca ação. Nos primeiros eventos sem tempo os lutadores costumavam conservar suas forças, o que levava a lutas longas e complicadas de serem transmitidas na televisão. Por motivos similares também foi introduzida à regra de stand up (levantar), que pode ser aplicada uma vez que o árbitro perceba que os lutadores não estão se movimentando muito ou a luta não está chegando a lugar nenhum.
As luvas foram introduzidas obrigatoriamente pela primeira vez na organização Shooto do Japão e posteriormente foi adotada pelo UFC. Nos EUA os comitês atléticos e de boxe desempenharam um papel crucial na introdução de novas regras no MMA, porque consideram este um esporte semelhante ao boxe (isso é motivo para grandes discussões entre fãs do esporte).
Organizações menores podem usar regras mais restritivas por terem lutadores menos experientes e que estão em busca de experiência e de exposição para conseguir lutar em organizações maiores onde os lutadores são mais bem pagos. No Japão e na Europa, não existe nenhuma autoridade que regulamente o esporte, por isso estas organizações têm uma maior liberdade no desenvolvimento de regras e do evento em geral.
A vitória em uma luta de MMA é normalmente obtida através da decisão dos juízes após certo período de tempo, uma paralisação pelo árbitro resultando em TKO (por exemplo, se um concorrente não pode se defender com inteligência), decisão médica (devido a uma lesão), uma finalização, K.O e quando alguém atira a toalha.
As técnicas utilizadas no MMA geralmente caem em duas categorias: técnicas de striking (socos, chutes, joelhadas, cotoveladas) e técnicas de grappling (como clinchs, finalizações, derrubadas e etc). Já que o MMA não tem nenhum órgão regulador internacional às regras podem variar entre as organizações. Enquanto a legalidade de algumas técnicas como cotoveladas, pisões entre outras pode variar, existe uma proibição universal quanto ao uso de “técnicas” como mordidas, golpes contra a virilha, dedo no olho, puxão de cabelo, golpes contra a nuca e coluna, segurar nas cordas/grade e manipulação de pequenas juntas.
Hoje os lutadores devem treinar em uma variedade de estilos para contra a atacar as forças de seu adversário e continuar efetivos em todas as fases do combate. Por exemplo, um lutador de stand-up (lutador que prefere lutar de pé) terá poucas oportunidades para usar suas habilidades contra um lutador versado em finalizações e que também tem bons takedowns. Muitas disciplinas tradicionais continuam populares como uma forma de um lutador melhorar os aspectos do seu jogo.
Stand-up (de pé): Várias formas de boxe, kickboxing, Muay Thai, e formas de full contact karate são treinadas para melhorar o footwork (trabalho de pés), cotoveladas, chutes, joelhadas e socos.
Clinch (muito próximo a outro lutador): Freestyle, Wrestling Greco-Romano, Sambo, e Judô são treinados para melhorar o clinch, takedowns e agarrões, enquanto o Muay Thai é treinado para melhorar o aspecto de “bater” do clinch.
Ground (solo/chão): BJJ, Wrestling, Judô e Sambo são treinados para melhorar a defesa contra finalizações e como aplica-las. Estes estilos são também treinados para melhorar e manter o controle da luta quando esta vai para o chão.
Alguns estilos foram adaptados a partir de sua forma tradicional, como as posições do boxe que não tem uma forma efetiva de defender contra chutes nas pernas e takedowns, técnicas de judô, bjj e sambo que devem ser adaptadas para a luta sem Gi (Gi é a roupa usada pelo lutador quando pratica a arte marcial em sua raíz). É comum para um lutador treinar com vários técnicos de diversos estilos ou com uma equipa organizada para melhorar vários aspectos do seu jogo. Condicionamento cardiovascular, treinos de velocidade, treinos de força e flexibilidade são aspectos igualmente importantes para um lutador de MMA.
Embora o MMA tenha sido inicialmente praticado quase exclusivamente por lutadores que competiam, hoje em dia já não é mais o caso. À medida que o esporte se tornou mais popular e mais amplamente ensinado, tornou-se acessível a uma vasta gama de praticantes de todas as idades. Defensores deste tipo de treino argumentam que ele é seguro para qualquer pessoa, de qualquer idade, com diferentes níveis de competitividade.
Estilos Híbridos
Os termos a seguir descrevem estilos híbridos que um lutador pode utilizar, no decurso de uma luta, para alcançar a vitória. Enquanto alguns lutadores, tais como BJ Penn e Fedor Emelianenko, podem conseguir vitórias através de striking, ground-and-pound ou finalização, a maior parte dos lutadores contará com um número menor de técnicas ao mesmo tempo em que adota um estilo que foca nas suas forças.
Sprawl-and-Brawl
Sprawl-and-Brawl é uma tática de luta em pé que consiste em ser o mais eficaz possível enquanto em pé, evitando ao mesmo tempo lutar no chão, geralmente usando sprawls para defender contra os takedowns.
Um sprawl-and-brawler énormalmente um boxer, kickboxer ou lutador de Muay Thai que treinou em wrestling a fim de evitar takedowns e manter a luta em pé. Muitas vezes, estes lutadores também irão estudar BJJ para evitar finalizações se a luta acabar indo ao chão. Chuck Liddell e Mirko “Cro Cop” Filipović são exemplos de sprawl-and-brawlers.
Luta no Clinch
Lutar no clinch e dirty boxe são táticas que consistem em por o adversário em uma posição de clinch para evitar que o adversário tenha distância e possa aplicar socos e chutes, procurando simultaneamente aplicar takedowns e bater no adversário usando joelhos, cotovelos e socos. O clinch é freqüentemente utilizado por wrestlers que adicionaram um componente de striking ao seu jogo, assim como lutadores de boxe ou Muay Thai.
Os lutadores podem utilizar-se do clinch como uma forma de neutralizar a habilidade superior de striking do adversário ou para evitar takedowns. O clinch feito por um lutador de Muay Thai é muitas vezes utilizado para melhorar a precisão das cotoveladas e joelhadas bem como controlar fisicamente a posição do adversário. Wanderlei Silva e Anderson Silva são exemplos de lutadores que gostam de “lutar no clinch”.
Ground-and-pound
Ground-and-pound é uma tática de luta no solo que consiste em levar o adversário ao chão usando um takedown, obter uma posição superior ou dominante e em seguida, atacar o adversário usando socos. Ground-and-pound também é utilizado como uma posição intermediária antes da aplicação de uma finalização.
Este estilo é utilizado por wrestlers ou outros lutadores bem versados em defesa de finalizações e que tem bons takedowns. Eles levam a luta para o solo, mantém uma posição clássica de grappling, e golpeiam seu adversário até este desistir ou ser nocauteado. Embora não seja um estilo tradicional de striking (sua eficácia foi demonstrada pela primeira vez por Mark Coleman), a eficácia e fiabilidade do Ground-and-pound tornou-a uma tática popular. Randy Couture e Tito Ortiz são exemplos de Ground-and-pounders.
Finalizações
É uma tática que consiste em levar o adversário ao chão usando um takedown e, em seguida, aplicando uma técnica de finalização (mata-leão, Kimura, triângulo e etc), forçando o adversário a desistir. Embora muitas vezes os grapplers prefiram manter uma posição dominante, alguns deles sentem-se confortáveis em lutar de costas para o chão. Se um grappler encontra-se ao chão, ele geralmente recorre a “puxar a guarda”, que consiste em puxar o oponente para uma posição dominante no chão.
Técnicas de finalização são uma parte essencial de muitas disciplinas, mais notavelmente no wrestling, judô, Sambo, pankration e BJJ. Josh Barnett, BJ Penn, os irmãos Rodrigo e Rogério Antônio Nogueira, Shinya Aoki e Fedor Emelianenko são exemplos de finalizadores.
O Abu Dhabi Combat Club e o FILA Grappling World Wrestling Games são exemplos de torneios de grappling.
Lay-and-pray (deitar e rezar)
Lay-and-pray é uma expressão pejorativa que dá nome a uma estratégia na qual um lutador controla seu adversário no chão, mas é incapaz de montar uma ofensiva efetiva. Eles simplesmente procuram anular o ataque do seu adversário, “rezando” para a uma vitória por decisão. Em algumas organizações de MMA, sanções podem ser impostas para os lutadores que utilizam técnicas de Lay-and-pray. Geralmente o árbitro manda ambos os lutadores levantarem e reinicia a luta com ambos de pé.
Minha citação: Hoje o maior exemplo que temos no MMA é o campeão dos meio médios do UFC, o canadense Georges Saint Pierre ou simplesmente GSP.
Striker? Wreslter?Passar a guarda? Rear Naked Choke? Single Leg? TUF? Que é tudo isso??? Para quem é novo no mundo do MMA e lê as entrevistas, assiste na tv ou outra coisa deve achar todos esses termos díficies de enteder e acaba ficando meio confuso. Mas não mais, abaixo explicarei o que cada um termos mais usados na “gíria” do MMA significam. Vamos a eles:
Striker: Esse é básico. Aparece direto em entrevistas, em fórums, na descrição dos lutadores e tudo que é lugar possível. Mas o que é? Basicamente “Striker” é aquele tipo de lutador que tem preferência por lutar em pé, usando principalmente socos. Um “Striker também costuma usar chutes de quando em vez. No K-1, todo mundo é “Striker”.
Strikers famosos: Chuck Liddell, CroCop, Tim Sylvia, Peter Aerts, Wanderlei Silva, José Aldo, Shane Carwin, Alistair Overeem, etc.
Wrestler: Vem do termo “Wrestling” que é um esporte no qual o praticante tenta derrotar um oponente sem atacá-lo com objectos inanimados, como uma arma. No MMA o lutador que utiliza técnicas de “Wrestling” é chamado Wreslter. Um “Wreslter” na maioria das vezes vai tentar derrubar seu oponente, ficar por cima dele e começar o “Ground n’ Pound” (mais sobre isso abaixo).
Wrestler famosos: Mark Colleman, Kevin Randleman, Randy Couture, Dan Severn, Tito Ortiz, St. Pierre, Frankie Edgar, Brock Lesnar, Cain Velasquez, etc.
Ground n’ Pound: Técnica muita usada principalmente por wreslters, consiste em derrubar o oponente e bater nele com socos enquanto fica por cima. A razão dessa técnica ser muito usada por wreslters é a grande base que o “Wrestling” proporciona ao lutador, permitindo manter a posição dominate sobre o adversário, não deixando o se levantar e ao mesmo tempo batendo nele de uma posição superior.
Quem usa: basicamente todos Wreslters usam, mas os Ground n’ Pounds mais conhecidos no MMA é Fedor Emelianenko, Cain Velasquez, Jon Jones, Brock Lesnar, etc.
TUF: Esse termo começou a ser usado a pouco tempo, é basicamente uma abreviação para o nome do programa The Ultimate Fighter. Neste “reality show” um grupo de lutadores é posto numa casa, dividido em duas equipes e tem que passar por provas para se manter no programa. Como todo bom reality show, todo final de episódio um lutador vai para casa. Algumas pessoas dizem que o TUF é a razão do MMA estar se tornando tão popular.
TUF’s famosos: Stephan Bonnar, Forrest Griffin, Rashad Evans, Michael Bisping, Keith Jardine, Roy Nelson, etc.
Bandwagonner: Vulgo “maria vai com as outras”. Aquele tipo de “fã” que gosta de um lutador hoje e amanhã de outro. Geralmente depois de um evento, principalmente aqueles que tiveram algum “UPSET” fica mais forte.
Upset: Termo muito usado na política e nos esportes. Basicamente é quando esperava-se que alguém ganhasse mas esse alguem acabou perdendo. No mundo do MMA “upsets” são muito comuns devido a natureza do esporte, em que qualquer um pode ser nocauteado ou finalizado a qualquer hora.
Upsets Famosos: Crocop X Randleman, Matt Hughes X George St Pierre, Shogu nX Forrest Griffin, CroCop X Gabriel Gonzaga, Randy Couture X Tim Sylvia e mais recentemente Frabricio Werdum X Fedor Emelianenko.
K.O.: Abreviação para KnockOut ou nocaute em português. Basicamente acontece um nocaute quando a pessoa é golpeada, geralmente por um soco ou chute alto, causando inconsciência ou semiconsciência temporária. Por causa disso a pessoa não pode se levantar e consequentemente continuar a luta.
KO’s Famosos no MMA: Kevin Randleman X Crocop, Gabriel Gonzaga X Mirko Cro Cop, Lyoto Machida X Rashad Evans, Anderson Silva X Forrest Griffin, Fedor Emelianenko X Andrei Arlovski, Mirko Cro Cop X Wanderlei Silva, Wanderlei Silva X Quinton Jackson., etc.
KnockDown: Muita gente confunde KnockDown com K.O. mas são coisas bem diferentes. KnockDown acontece quando a pessoa é derruba mas consegue se levantar ou no caso do MMA continuar a luta. No boxe e nas regras do K-1, três KnockDown em um roud da a vitória para o adversário.
Knockdown’s famosos: Shane Carwin X Brock Lesnar, Shogun Rua X Lyoto Machida, etc.
Clinch: Basicamente é usado durante a luta de pé, o oponente geralmente agarra o outro para evitar golpes de longa distancia como socos e chutes. O clinch também pode ser usado para encurtar a distância com o adversário para posteriormente derruba-lo. No Muay-Thai o adversário agarra a parte de trás da cabeça do oponente para poder controla-lo e aplicar joelhadas contra o rosto ou corpo.
Clinchs famosos: Wanderlei Silva X Quinton Jackson, Anderson Silva X Rich Franklin, etc
Sprawl ‘n’ Brawl: Pode ser considerada uma técnica aonde lutadores que tem uma boa trocação mas não sabem muito de chão, defenden os Takedowns usando o Sprawl e continuam em pé afim de Brawl.
Sprawl n’ Brawlers famosos: Chuck Liddel, Mirko CroCop
Sprawl: Técnica usada para defender tentativas de Takedowns como Single ou Double leg.
O Sprawl é feito “jogando-se” as pernas para trás com a intenção de cair com o peito na parte de trás das costas do oponente.
Sprawler’s Famosos: Chuck Liddel, Mirko CroCop, St. Pierre, Lyoto Machida, etc.
Takedown: Vulgo “quedar” o adversário levando-o ao chão, Takedown é muito usado por lutadores de Jiu-Jitsu e Wrestling. A forma mais comum de causar um takedown no adversário é usando um Single Leg ou Double Leg.
Os maiores “quedadores”: Mark Coleman, Randy Couture, Georges St. Pierre, Cain Velasquez, Chael Sonnen, Brock Lesnar, etc.
fonte: MMA By Neko
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