terça-feira, 6 de outubro de 2009

Bioquímica pode ajudar na prevenção de lesões dos atletas


Ciência ainda engatinha no futebol, mas também contribui para a recuperação de jogadores lesionados. A bioquímica ainda é pouco utilizada no futebol. O primeiro motivo para isso é o alto custo operacional. No entanto, também pesa o fato de que todos os testes bioquímicos são invasivos e requerem captação de dejetos que necessita de condições sanitárias adequadas, fato ainda não muito simples em clubes de futebol.
E testes invasivos, hoje, com a presença de doenças como Aids e Hepatite C, precisam muito cuidado para serem realizados. Atualmente, a principal oferta aos clubes de futebol é a elaboração de testes que analisam indicadores bioquímicos. Esses testes não ajudam no desempenho, e sim na análise da recuperação dos atletas após esforço. Os testes analisam substâncias que podem ser dosadas no sangue e que refletem a condição do músculo esquelético, ou seja, o estado muscular do jogador. É isso que reflete o grau de sobrecarga que o treinamento está impondo.
Conseqüentemente, os resultados podem representar um alerta quanto à possibilidade de lesões. A medição de lactato é a análise mais antiga que existe em bioquímica. O uso do lactato possibilita dosar a intensidade do exercício fundamentalmente durante a realização do exercício. Essa medida mostrará quanto o exercício está sendo intenso, sem necessariamente demonstrar o estado de fadiga do atleta. Há também a dosagem da Creatina Quinase (CK), uma enzima que existe dentro do músculo e que aumenta no sangue quando há sobrecarga muscular. A CK mostra a autodigestão de proteínas do organismo, com maior relevância para as proteínas musculares, e também aponta o grau de esforço que foi feito, particularmente, no dia seguinte à realização da atividade. É um indicador importante para analisar o quanto o atleta se ressentiu no dia anterior. Outros indicadores são os hormonais, como é o caso do cortisol, testosterona, ou outras enzimas, como a LDH (lactato desidrogenase). Mas esses indicadores são usados apenas
quando há necessidade de um controle mais preciso ou quando há suspeita de uma situação na qual se deve ter um cuidado maior na prevenção de problemas com lesões futuras. As dosagens hormonais podem fazer o diagnóstico do overtraining. Overtraining é uma situação em que o organismo está sofrendo uma intensidade de treinamento, de exercícios ou de competições superior à capacidade de se adaptar e se reabilitar. O organismo, então, manda sinais de desequilíbrio que comprometem a saúde do atleta. É uma situação grave, conseqüente de modalidades individuais, como atletismo, natação, triatlo. Não é muito freqüente no futebol. Como os clubes de futebol aplicam os testes bioquímicos A evolução dos testes bioquímicos e sua importância para o esporte de competição fizeram com que os fisiologistas dos clubes de futebol se especializassem nessa área ainda pouco estudada. Os grandes clubes de São Paulo já utilizam esse campo para melhorar o rendimento de suas equipes. O Palmeiras, por exemplo, usa as medidas de lactato sanguíneo, micro-análise de lactato, e também a medida de CK. "O Palmeiras, basicamente, usa o teste de lactato. Os outros testes, como o de CK, estão no mercado há pouco tempo. O equipamento é muito caro, e o teste se torna relativamente caro para ser aplicado em grande escala. Então, quando há necessidade, a gente acaba levando o atleta para um laboratório que aplica esse exame", contou o fisiologista do clube, Ivan Piçarro. "Se medirmos a creatina quinase, a amônia e o lactato, e esses valores já estiverem dentro da normalidade, isso indica que o atleta já se recuperou, pode treinar ou atuar. É essa a contribuição da bioquímica para o Palmeiras", completou o fisiologista. Já no São Paulo, alguns outros testes também são aplicados. E, ao contrário da maioria dos clubes, as avaliações bioquímicas foram incorporadas aos programas de preparação física e fisiologia do time. "Não é tão difícil usar os testes bioquímicos quando a gente trabalha com a microdosagem, que é a dosagem por quantidades muito pequenas de sangue. Então, tiramos apenas uma gota de sangue da ponta do dedo do atleta. Isso já é o suficiente para se dosar, por exemplo, lactato e CK. Esses dois testes são feitos no São Paulo de maneira até rotineira", explicou o responsável pela área de fisiologia do clube, Turíbio Leite de Barros. Um outro teste bioquímico foi realizado pelo São Paulo antes da viagem para a disputa do Campeonato Mundial de Clubes da Fifa, disputado no Japão, no fim do ano passado. Para o teste de sudorese, foram realizadas coletas de suor dos atletas durante os treinos e analisada a quantidade de suor produzida e a ingestão de líquido de forma voluntária. "O teste de sudorese foi feito para se dimensionar qual é a necessidade individual e se ter mais cuidado com a questão de hidratação. E, além disso, quanto cada atleta tinha, por característica individual, de teor de Sódio, principalmente, e de Potássio, que são os sais minerais mais importantes na composição do suor. Quando se sua, além de perder água, o atleta também está perdendo sais minerais. E esses minerais precisam ser repostos, rotineiramente, em treinamentos e competições. Esse teste permitiu detectar, de forma individualizada, quanto cada atleta perdia, qual era a melhor estratégia para cada um, do ponto de vista de se repor aquilo que se perdia, para evitar que as perdas excessivas de água e, principalmente, desses sais minerais", analisou Turíbio.

fonte:http://educacaofisica.org/joomla

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